quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Movimentos Sociais e Política Social no Brasil



Nos últimos anos, precisamente de meados de 2013 até os dias atuais, os movimentos sociais brasileiros tiveram uma atuação de destaque no cenário político do país.
Novos movimentos sociais surgiram em 2013. Mas, o que tínhamos antes? Na década dos anos 2000, mais precisamente após a eleição do governo de Luís Inácio Lula da Silva para presidente de país em 2002, foi constituída a Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS. Entidade que abrangia diversas entidades populares: trabalhadores, estudantes, mulheres, negros, comunitários, dentre os mais expressivos. Teve atuação importante durante toda essa década. Serviu para impulsionar os governos Lula e Dilma a implementar um projeto popular de governo e atender as demandas das respectivas entidades populares.
A partir dos anos 2010, no entanto, a CMS esvaziou. Suas entidades influíram na atuação de pressionar o governo na implantação das pautas populares. Os motivos dessa retração são vários. Destacam-se: a acomodação das mesmas entidades na cobrança das respectivas pautas propositivas; o processo de cooptação das lideranças dos movimentos sociais para as esferas institucionais de participação, tais como conselhos, fóruns, conferências. Essa retração colocou em plano secundário a mobilização e a cobrança constantes e ininterruptas.
Em meados de 2013, porém, inicia-se um novo processo de lutas sociais na sociedade brasileira. O estopim desse processo foi a luta contra o aumento das passagens dos transportes urbanos nas maiores cidades e capitais do país. Em junho de 2013 populares lotaram as ruas. Entidades poucas conhecidas e sem histórico de atuação em frentes, tais como Movimento Passe Livre – MPL, convocaram essas manifestações e dirigiram, por um razoável período, as massas que acudiam às ruas. No decorrer dessas manifestações a pauta desse movimento logo se ampliou. Abarcou temas como o fim da corrupção, contra os gastos excessivos das obras dos estádios para a Copa do Mundo, e críticas ao governo Dilma.
Por todo o segundo semestre de 2013 os setores conservadores, inflamados pelos grandes meios de comunicação, convocaram e dirigiram manifestações que iam contra as aspirações populares e democráticas até então conduzidas pelo governo Dilma.
O auge desse movimento social de cunho conservador foi o ano de 2015. Foi o período de criação de entidades como Movimento Brasil Livre – MBL, o Vem Pra Rua, entidades que com o tempo se mostraram como neofascistas. E a pauta rapidamente se converteu para Fora Dilma, Fora PT, dentre outras.
A direita dirigiu as ruas.
No decorrer dos anos 2013, 2014 e 2015 organizações populares dos movimentos sociais sofreram revezes nas ruas. Era nítida a maioria conservadora a protestar contra o governo Dilma. A presidenta não teve sossego nesse mesmo período. Foi sofrível sua reeleição. O seu segundo mandato foi alvo do mais profundo e intenso ataque da direita.
Em fins de 2014 e início de 2015 se rearticula os movimentos sociais progressistas. A pauta é a denúncia do caráter golpista dos movimentos sociais conservadores, a defesa da democracia através do respeito ao resultado eleitoral presidencial de 2014, assim como firme combate aos direitos sociais e trabalhistas proporcionados pelos governos Lula e Dilma.
Retomamos as ruas.
O ano de 2015 foi palco do maior embate de massas, na história do Brasil, entre as forças conservadores e os movimentos sociais progressistas. Foi o ano da criação das frentes: Frente Brasil Popular – FBP e Frente Povo Sem Medo – FPSM.
Organizadas e consolidadas, as FBP e FPSM fomentaram as maiores e mais amplas mobilizações populares em 2015 até os dias atuais. O golpe de Estado jurídico, parlamentar e midiático contra a presidenta Dilma foi consolidado no ano de 2016. As lutas dos movimentos sociais é a defesa da democracia, a manutenção dos direitos sociais e trabalhistas – brutalmente retirados por Congresso Nacional que representa interesses dos setores dominantes, das elites e do grande empresariado agrário, industrial, de serviços e financeiro do país.
Por que o atual governo se esmera em vender como positivo um conjunto de reformas que retiram direitos do povo em geral e dos trabalhadores em particular?
O grande debate das reformas, tanto as já aprovadas como as que estão em vias de serem aprovadas, gira em torno dos interesses das classes sociais historicamente antagônicas – empresários e trabalhadores. É nítido o empenho de organizações empresariais, quando não os próprios empresários, argumentando a necessidade de reformas que possam atender seus interesses. Embora o discurso seja de que com as reformas o país sairá da crise e voltará a crescer. Nada mais que argumentos apelativos.
O eixo principal da retórica dos capitalistas é o tamanho do Estado. O governo gasta muito. Nesse afã aprovaram no Congresso Nacional com sanção presidencial, a Emenda Constitucional nº 95 que congela os investimentos públicos nas áreas sociais por 20 anos. Essa medida para um país como o Brasil com uma enorme desigualdade social e com altos índices de pobreza e de extrema pobreza, mesmo a despeito dos governos anteriores ao atual de direcionar razoáveis recursos públicos para o combate à fome e à pobreza e melhoraram significativamente a vida do povo brasileiro por um bom período, representa uma ameaça direta aos direitos sociais conquistados.
Outra reforma que se encontra em tela é a da previdência social. Um conjunto de direitos que é essencialmente distribuidor de renda e que inibe a desigualdade social.
O tempo atual é de desregulamentação dos direitos sociais. Um sinônimo evidente de retirada dos direitos sociais.
A Presidenta Dilma Rousseff e seu antecessor Presidente Lula criaram um sistema de proteção social de grande envergadura. Os dois presidentes foram responsáveis pela criação e execução de muitos programas que tiveram como objetivos a erradicação da pobreza extrema e a diminuição das desigualdades sociais. Cito alguns exemplos: Programa Bolsa Família – PBF; Programa Luz para todos; Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV; Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. De 2013 até 2016 o país viveu, exceção da crise econômica e política dos dois últimos anos, um crescendo de ampliação de direitos e redução de desigualdades sociais. Uma exceção também a ser registrada foi a reforma da previdência ainda no primeiro ano da primeira gestão do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que retirou direitos dos aposentados.
Importante destacar aqui dois grandes marcos legais para a consolidação de direitos sociais no país. Primeiro foi a Constituição Federal de 1988 – CF-88. Um marco civil jurídico importante, pois recuperou a democracia, violada no golpe militar de 1964. Ampliou direitos como o da Seguridade Social, com a junção da Previdência Social, Assistência Social e Saúde. A CF-88 foi fruto de muitas lutas do povo brasileiro pela reconstrução da democracia. Foi a Constituição Cidadã.
Outro marco jurídico importante foi a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Aprovada em 1943 sob o governo do Presidente Getúlio Vargas. A CLT, como o próprio nome revela, é a união de todas as leis específicas de várias categorias espalhadas no país para um só ordenamento jurídico. Uma vitória para a classe trabalhadora, apesar de seu uso como barganha política do trabalhismo vigente no governo da época para cooptar lideranças trabalhistas.
Esses dois momentos de reafirmação de um marco jurídico foram importantes pois representaram avanços nos direitos sociais e trabalhistas. Foram momentos de unidade dos movimentos sindical e movimentos sociais. Em outras ocasiões da história do país, como agora, com um governo ilegítimo, os trabalhadores perdem com a reforma trabalhista e previdenciária e o povo em geral perdem com a emenda Constitucional 95 onde congela investimentos em políticas sociais. Congela direitos sociais.
Sobre essa contradição de políticas sociais e trabalhistas bem explica Faleiros: “O Estado capitalista é o Estado contraditório de uma sociedade dividida em classes e blocos, e cujas mediações políticas são também contraditórias e que se revelam nas lutas e regulações” (p. 286, 1992).
Assim caminhamos com as contradições do sistema capitalista brasileiro, com os blocos unidos e divididos, dependendo do momento e da correlação de forças de cada um, para alcançarmos direitos sociais e também perdê-los, dependendo de cada momento e da força de cada classe e bloco.




Referências eletrônicas:
Referências bibliográficas:
FALAIROS, V. P.: O trabalho da política – Saúde e Segurança dos trabalhadores. São Paulo: Cortez, 1992.

VIEIRA, Evaldo. A República Brasileira – 1951-2010: de Getúlio a Lula – São Paulo: Cortez, 2015.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Movimentos sociais e a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil



Nos últimos anos, precisamente de meados de 2013 até os dias atuais, os movimentos sociais brasileiros tiveram uma atuação de destaque no cenário político do país. O movimento sindical, e no caso específico a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, teve uma preocupação de entender o significado dos novos movimentos sociais e também de participar ativamente nessa seara política e social.
Novos movimentos sociais surgiram em 2013. Mas, o que tínhamos antes? Na década dos anos 2000, mais precisamente após a eleição do governo de Luís Inácio Lula da Silva para presidente de país em 2002, foi constituída a Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS. Entidade que abrangia diversas entidades populares: trabalhadores, estudantes, mulheres, negros, comunitários, dentre os mais expressivos. Teve atuação importante durante toda essa década. Serviu para impulsionar os governos Lula e Dilma a implementar um projeto popular de governo e atender as demandas das respectivas entidades populares.
A partir dos anos 2010, no entanto, a CMS esvaziou. Suas entidades influíram na atuação de pressionar o governo na implantação das pautas populares. Os motivos dessa retração são vários. Destacam-se: a acomodação das mesmas entidades na cobrança das respectivas pautas propositivas; o processo de cooptação das lideranças dos movimentos sociais para as esferas institucionais de participação, tais como conselhos, fóruns, conferências. Essa retração colocou em plano secundário a mobilização e a cobrança constantes e ininterruptas.
Em meados de 2013, porém, inicia-se um novo processo de lutas sociais na sociedade brasileira. O estopim desse processo foi a luta contra o aumento das passagens dos transportes urbanos nas maiores cidades e capitais do país. Em junho de 2013 populares lotaram as ruas. Entidades poucas conhecidas e sem histórico de atuação em frentes, tais como Movimento Passe Livre – MPL, convocaram essas manifestações e dirigiram, por um razoável período, as massas que acudiam às ruas. No decorrer dessas manifestações a pauta desse movimento logo se ampliou. Abarcou temas como o fim da corrupção, contra os gastos excessivos das obras dos estádios para a Copa do Mundo, e críticas ao governo Dilma.
Por todo o segundo semestre de 2013 os setores conservadores, inflamados pelos grandes meios de comunicação, convocaram e dirigiram manifestações que iam contra as aspirações populares e democráticas até então conduzidas pelo governo Dilma.
O auge desse movimento social de cunho conservador foi o ano de 2015. Foi o período de criação de entidades como Movimento Brasil Livre – MBL, o Vem Pra Rua, entidades que com o tempo se mostraram como neofascistas. E a pauta rapidamente se converteu para Fora Dilma, Fora PT, dentre outras.
A direita dirigiu as ruas.
No decorrer dos anos 2013, 2014 e 2015 organizações populares dos movimentos sociais sofreram revezes nas ruas. Era nítida a maioria conservadora a protestar contra o governo Dilma. A presidenta não teve sossego nesse mesmo período. Foi sofrível sua reeleição. O seu segundo mandato foi alvo do mais profundo e intenso ataque da direita.
Em fins de 2014 e início de 2015 se rearticula os movimentos sociais progressistas. A pauta é a denúncia do caráter golpista dos movimentos sociais conservadores, a defesa da democracia através do respeito ao resultado eleitoral presidencial de 2014, assim como firme combate aos direitos sociais e trabalhistas proporcionados pelos governos Lula e Dilma. A CTB teve participação ativa nessa rearticulação dos movimentos sociais e na defesa e mobilização dos trabalhadores nos atos massivos que realizamos nesse período.
Retomamos as ruas.
O ano de 2015 foi palco do maior embate de massas, na história do Brasil, entre as forças conservadores e os movimentos sociais progressistas. Foi o ano da criação das frentes: Frente Brasil Popular – FBP e Frente Povo Sem Medo – FPSM.
Organizadas e consolidadas, as FBP e FPSM fomentaram as maiores e mais amplas mobilizações populares em 2015 até os dias atuais. A CTB foi força articuladora e mobilizadora desse importante momento de lutas sociais no Brasil.
O golpe de Estado jurídico, parlamentar e midiático contra a presidenta Dilma foi consolidado no ano de 2016. As lutas dos movimentos sociais agora é a defesa da democracia, a manutenção dos direitos sociais e trabalhistas – brutalmente retirados por Congresso Nacional que representa interesses dos setores dominantes, das elites e do grande empresariado agrário, industrial, de serviços e financeiro do país -, a saída imediata do governo ilegítimo de Temer e convocação de eleições presidenciais, dentre outras.
Resistência é nossa palavra de ordem. Lutar para colocarmos um governante eleito democraticamente pelo povo. Ampliar as forças sociais e políticas para uma pauta progressista, inclusive com setores empresariais descontentes com a atual política do governo. Desmascarar a politização da ação de alguns membros do Ministério Público Federal – MPL e da Polícia Federal que realizam ações policiais seletivas, com objetivos de criminalizar partidos políticos, e a política como um todo.
Essas são apenas algumas propostas de uma pauta ampla, democrática e de interesse do povo e dos trabalhadores que agora assumem as FBP e FPSM. Estamos num período de ofensiva da direita e dos conservadores. Temos que lutar com a maior amplitude e não deixarmos mais, sob nenhum pretexto, as ruas e as praças. Lutemos pela democracia.
Carlos Rogério de Carvalho Nunes
Secretário de Políticas Sociais, Esporte e Lazer

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB