quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Movimentos sociais e a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil



Nos últimos anos, precisamente de meados de 2013 até os dias atuais, os movimentos sociais brasileiros tiveram uma atuação de destaque no cenário político do país. O movimento sindical, e no caso específico a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, teve uma preocupação de entender o significado dos novos movimentos sociais e também de participar ativamente nessa seara política e social.
Novos movimentos sociais surgiram em 2013. Mas, o que tínhamos antes? Na década dos anos 2000, mais precisamente após a eleição do governo de Luís Inácio Lula da Silva para presidente de país em 2002, foi constituída a Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS. Entidade que abrangia diversas entidades populares: trabalhadores, estudantes, mulheres, negros, comunitários, dentre os mais expressivos. Teve atuação importante durante toda essa década. Serviu para impulsionar os governos Lula e Dilma a implementar um projeto popular de governo e atender as demandas das respectivas entidades populares.
A partir dos anos 2010, no entanto, a CMS esvaziou. Suas entidades influíram na atuação de pressionar o governo na implantação das pautas populares. Os motivos dessa retração são vários. Destacam-se: a acomodação das mesmas entidades na cobrança das respectivas pautas propositivas; o processo de cooptação das lideranças dos movimentos sociais para as esferas institucionais de participação, tais como conselhos, fóruns, conferências. Essa retração colocou em plano secundário a mobilização e a cobrança constantes e ininterruptas.
Em meados de 2013, porém, inicia-se um novo processo de lutas sociais na sociedade brasileira. O estopim desse processo foi a luta contra o aumento das passagens dos transportes urbanos nas maiores cidades e capitais do país. Em junho de 2013 populares lotaram as ruas. Entidades poucas conhecidas e sem histórico de atuação em frentes, tais como Movimento Passe Livre – MPL, convocaram essas manifestações e dirigiram, por um razoável período, as massas que acudiam às ruas. No decorrer dessas manifestações a pauta desse movimento logo se ampliou. Abarcou temas como o fim da corrupção, contra os gastos excessivos das obras dos estádios para a Copa do Mundo, e críticas ao governo Dilma.
Por todo o segundo semestre de 2013 os setores conservadores, inflamados pelos grandes meios de comunicação, convocaram e dirigiram manifestações que iam contra as aspirações populares e democráticas até então conduzidas pelo governo Dilma.
O auge desse movimento social de cunho conservador foi o ano de 2015. Foi o período de criação de entidades como Movimento Brasil Livre – MBL, o Vem Pra Rua, entidades que com o tempo se mostraram como neofascistas. E a pauta rapidamente se converteu para Fora Dilma, Fora PT, dentre outras.
A direita dirigiu as ruas.
No decorrer dos anos 2013, 2014 e 2015 organizações populares dos movimentos sociais sofreram revezes nas ruas. Era nítida a maioria conservadora a protestar contra o governo Dilma. A presidenta não teve sossego nesse mesmo período. Foi sofrível sua reeleição. O seu segundo mandato foi alvo do mais profundo e intenso ataque da direita.
Em fins de 2014 e início de 2015 se rearticula os movimentos sociais progressistas. A pauta é a denúncia do caráter golpista dos movimentos sociais conservadores, a defesa da democracia através do respeito ao resultado eleitoral presidencial de 2014, assim como firme combate aos direitos sociais e trabalhistas proporcionados pelos governos Lula e Dilma. A CTB teve participação ativa nessa rearticulação dos movimentos sociais e na defesa e mobilização dos trabalhadores nos atos massivos que realizamos nesse período.
Retomamos as ruas.
O ano de 2015 foi palco do maior embate de massas, na história do Brasil, entre as forças conservadores e os movimentos sociais progressistas. Foi o ano da criação das frentes: Frente Brasil Popular – FBP e Frente Povo Sem Medo – FPSM.
Organizadas e consolidadas, as FBP e FPSM fomentaram as maiores e mais amplas mobilizações populares em 2015 até os dias atuais. A CTB foi força articuladora e mobilizadora desse importante momento de lutas sociais no Brasil.
O golpe de Estado jurídico, parlamentar e midiático contra a presidenta Dilma foi consolidado no ano de 2016. As lutas dos movimentos sociais agora é a defesa da democracia, a manutenção dos direitos sociais e trabalhistas – brutalmente retirados por Congresso Nacional que representa interesses dos setores dominantes, das elites e do grande empresariado agrário, industrial, de serviços e financeiro do país -, a saída imediata do governo ilegítimo de Temer e convocação de eleições presidenciais, dentre outras.
Resistência é nossa palavra de ordem. Lutar para colocarmos um governante eleito democraticamente pelo povo. Ampliar as forças sociais e políticas para uma pauta progressista, inclusive com setores empresariais descontentes com a atual política do governo. Desmascarar a politização da ação de alguns membros do Ministério Público Federal – MPL e da Polícia Federal que realizam ações policiais seletivas, com objetivos de criminalizar partidos políticos, e a política como um todo.
Essas são apenas algumas propostas de uma pauta ampla, democrática e de interesse do povo e dos trabalhadores que agora assumem as FBP e FPSM. Estamos num período de ofensiva da direita e dos conservadores. Temos que lutar com a maior amplitude e não deixarmos mais, sob nenhum pretexto, as ruas e as praças. Lutemos pela democracia.
Carlos Rogério de Carvalho Nunes
Secretário de Políticas Sociais, Esporte e Lazer

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB

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