Nos últimos anos, precisamente
de meados de 2013 até os dias atuais, os movimentos sociais brasileiros tiveram
uma atuação de destaque no cenário político do país. O movimento sindical, e no
caso específico a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB,
teve uma preocupação de entender o significado dos novos movimentos sociais e
também de participar ativamente nessa seara política e social.
Novos movimentos sociais
surgiram em 2013. Mas, o que tínhamos antes? Na década dos anos 2000, mais
precisamente após a eleição do governo de Luís Inácio Lula da Silva para
presidente de país em 2002, foi constituída a Coordenação dos Movimentos
Sociais – CMS. Entidade que abrangia diversas entidades populares:
trabalhadores, estudantes, mulheres, negros, comunitários, dentre os mais
expressivos. Teve atuação importante durante toda essa década. Serviu para
impulsionar os governos Lula e Dilma a implementar um projeto popular de
governo e atender as demandas das respectivas entidades populares.
A partir dos anos 2010, no
entanto, a CMS esvaziou. Suas entidades influíram na atuação de pressionar o
governo na implantação das pautas populares. Os motivos dessa retração são
vários. Destacam-se: a acomodação das mesmas entidades na cobrança das
respectivas pautas propositivas; o processo de cooptação das lideranças dos
movimentos sociais para as esferas institucionais de participação, tais como conselhos,
fóruns, conferências. Essa retração colocou em plano secundário a mobilização e
a cobrança constantes e ininterruptas.
Em meados de 2013, porém,
inicia-se um novo processo de lutas sociais na sociedade brasileira. O estopim
desse processo foi a luta contra o aumento das passagens dos transportes
urbanos nas maiores cidades e capitais do país. Em junho de 2013 populares
lotaram as ruas. Entidades poucas conhecidas e sem histórico de atuação em
frentes, tais como Movimento Passe Livre – MPL, convocaram essas manifestações
e dirigiram, por um razoável período, as massas que acudiam às ruas. No
decorrer dessas manifestações a pauta desse movimento logo se ampliou. Abarcou
temas como o fim da corrupção, contra os gastos excessivos das obras dos
estádios para a Copa do Mundo, e críticas ao governo Dilma.
Por todo o segundo semestre de
2013 os setores conservadores, inflamados pelos grandes meios de comunicação,
convocaram e dirigiram manifestações que iam contra as aspirações populares e
democráticas até então conduzidas pelo governo Dilma.
O auge desse movimento social
de cunho conservador foi o ano de 2015. Foi o período de criação de entidades
como Movimento Brasil Livre – MBL, o Vem Pra Rua, entidades que com o tempo se
mostraram como neofascistas. E a pauta rapidamente se converteu para Fora
Dilma, Fora PT, dentre outras.
A direita dirigiu as ruas.
No decorrer dos anos 2013,
2014 e 2015 organizações populares dos movimentos sociais sofreram revezes nas
ruas. Era nítida a maioria conservadora a protestar contra o governo Dilma. A
presidenta não teve sossego nesse mesmo período. Foi sofrível sua reeleição. O
seu segundo mandato foi alvo do mais profundo e intenso ataque da direita.
Em fins de 2014 e início de
2015 se rearticula os movimentos sociais progressistas. A pauta é a denúncia do
caráter golpista dos movimentos sociais conservadores, a defesa da democracia
através do respeito ao resultado eleitoral presidencial de 2014, assim como
firme combate aos direitos sociais e trabalhistas proporcionados pelos governos
Lula e Dilma. A CTB teve participação ativa nessa rearticulação dos movimentos
sociais e na defesa e mobilização dos trabalhadores nos atos massivos que
realizamos nesse período.
Retomamos as ruas.
O ano de 2015 foi palco do
maior embate de massas, na história do Brasil, entre as forças conservadores e
os movimentos sociais progressistas. Foi o ano da criação das frentes: Frente
Brasil Popular – FBP e Frente Povo Sem Medo – FPSM.
Organizadas e consolidadas, as
FBP e FPSM fomentaram as maiores e mais amplas mobilizações populares em 2015
até os dias atuais. A CTB foi força articuladora e mobilizadora desse
importante momento de lutas sociais no Brasil.
O golpe de Estado jurídico,
parlamentar e midiático contra a presidenta Dilma foi consolidado no ano de
2016. As lutas dos movimentos sociais agora é a defesa da democracia, a
manutenção dos direitos sociais e trabalhistas – brutalmente retirados por
Congresso Nacional que representa interesses dos setores dominantes, das elites
e do grande empresariado agrário, industrial, de serviços e financeiro do país
-, a saída imediata do governo ilegítimo de Temer e convocação de eleições
presidenciais, dentre outras.
Resistência é nossa palavra de
ordem. Lutar para colocarmos um governante eleito democraticamente pelo povo.
Ampliar as forças sociais e políticas para uma pauta progressista, inclusive
com setores empresariais descontentes com a atual política do governo.
Desmascarar a politização da ação de alguns membros do Ministério Público
Federal – MPL e da Polícia Federal que realizam ações policiais seletivas, com
objetivos de criminalizar partidos políticos, e a política como um todo.
Essas são apenas algumas
propostas de uma pauta ampla, democrática e de interesse do povo e dos
trabalhadores que agora assumem as FBP e FPSM. Estamos num período de ofensiva
da direita e dos conservadores. Temos que lutar com a maior amplitude e não
deixarmos mais, sob nenhum pretexto, as ruas e as praças. Lutemos pela
democracia.
Carlos
Rogério de Carvalho Nunes
Secretário
de Políticas Sociais, Esporte e Lazer
Central
dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
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